quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ano Cultural - Zé Ramalho



Ano Cultural 2010 cujo homenageado é o paraibano Zé Ramalho, cantor e compositor que vive atualmente um dos melhores momentos da sua vida artística.
Pessoa mística que traz nas letras de suas composições sentidos enigmáticos e misteriosos que envolvem a todos que as escutam.
As turmas do 6º e 9º anos da Escola Municipal Damásio Barbosa da Franca, durante estas duas primeiras semanas do mês de julho, têm tido a oportunidade de conhecer tanto a vida do cantor, quanto assistir a shows e ouvir várias músicas de sua autoria. Também assistiram ao filme “Zé Ramalho – o herdeiro de Avôhai”.
Dentre as músicas, foram escolhidas “Cidadão” e “Admirável gado novo” para serem trabalhadas com os 6º anos. Já o 9º ano, além dessas músicas, foi analisada “Garoto de aluguel” e apenas ouvidas “Chão de giz” e “Frevo mulher”.
Em uma das turmas dos 6º anos – turma A – quando era analisada “Admirável gado novo” houve grande participação do grupo tanto no que se refere à compreensão do tema abordado quanto ao envolvimento em cantar a música e, inclusive, coreógrafa-la.
No que se refere à vida pessoal e artística do cantor, os alunos organizaram sua biografia a partir de pesquisa da internet.
Para complementar o trabalho sobre o artista, foram elaboradas atividades escritas conforme a seguir, além de peças teatrais a partir de letras de músicas, paródias, trabalhos de artes (fantoches) e a produção de um documentário:

1. Biografia:

Nascido em 3 de outubro de 1949, José Ramalho Neto é natural de Brejo da Cruz (PB). Aos 2 anos, ficou órfão de pai, o seresteiro Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, que morreu afogado num açude do sertão. Com isso, sua mãe, a professora primária Estelita Torres Ramalho, entregou-o para ser criado pelos avós paternos, José e Soledade Alves Ramalho.
Veio morar em João Pessoa em meados dos anos 60, estudando no Colégio Pio X e no Lins de Vasconcelos. Iniciou o curso de Medicina que abandou para ir em busca do sonho de ser cantor.
Sua vida artística começou como Zé Ramalho da Paraíba, cantando em conjuntos de baile inspirados na jovem guarda e no rock inglês. O interesse pelos violeiros e pela literatura de cordel só surgiria depois, ao participar da trilha sonora do filme Nordeste: cordel, repente e canção, de Tânia Quaresma, em 1974. Por conta desse trabalho, Zé se mudou para o Rio de Janeiro (RJ), acompanhado por outros cantores nordestinos. Naquele mesmo ano, lançou seu primeiro disco, uma parceria com Lula Côrtes.

Logo Zé estava tocando viola na banda de Alceu Valença, em cujo show ele tinha chance de interpretar uma composição sua. Mas a oportunidade foi por água abaixo quando Zé resolveu modificar o roteiro de uma das apresentações da turnê. O público gostou, mas Alceu detestou e rompeu com o colega. A amizade só seria recuperada um ano depois, quando Alceu incluiu, de surpresa, uma música de Zé em seu novo espetáculo.

Sobreviver no Rio não era fácil. Zé precisou dormir em bancos de praças e trabalhar em gráfica para poder continuar apostando em seu próprio talento. Em 1977, foi convidado pelo produtor Augusto César Vanucci a ir a São Paulo (SP) participar da gravação da música "Avôhai", composição sua que seria incluída no novo disco da cantora Vanusa. E assim ele ia ganhando nome e conseguindo dinheiro. No mesmo período, Zé lançou o folheto de cordel "Apocalipse agalopado".

No ano seguinte, ele gravou seu primeiro disco solo, que não só incluía "Avôhai" como também "Vila do Sossego", "Chão de Giz" e "Bicho De Sete Cabeças". A crítica elogiou seu trabalho e o público o comprou, maravilhados com as letras cheias de imagens míticas e o tom profético das interpretações. Resultado: Zé ganhou prêmio de melhor cantor revelação da Associação Brasileira de Produtores de Disco e da Rádio Globo.

A carreira do paraibano se consolidou em 1979, quando ele lançou seu maior clássico, "Admirável Gado Novo", e o grande sucesso "Frevo Mulher".

Em 1980, Zé participou do Festival de Música Popular da TV Globo, ficando entre os 20 primeiros colocados. Mudou-se para Fortaleza (CE) e ganhou seu primeiro disco de ouro. Com popularidade crescente, no ano seguinte se destacou com as faixas "A Terceira Lâmina (cifrada)" e "Canção Agalopada", ganhando outro disco de ouro. Também lançou o livro de poesias Carne de pescoço e os livretos Apocalipse e A peleja de Zé do Caixão com o cantor Zé Ramalho.

Seus discos já contavam com participações especiais de muita gente famosa em 1983, quando ele voltou a morar no Rio. No entanto, sua popularidade andava em baixa, o que o levou a dar uma reviravolta em sua carreira, deixando a influência do rock dos anos 60 falar mais alto que sua raiz nordestina. Só em 1986 ele retomaria o misticismo que havia se tornado a marca registrada de sua música. Em 1990, depois de um período de ostracismo, Zé gravou um disco só de forró e fez uma série de shows nos EUA.

Em 1996, a sorte de Zé Ramalho começou a mudar. "Admirável Gado Novo", um de seus primeiros sucessos, voltou a tocar sem parar nas rádios, graças à sua inclusão na trilha sonora da novela O Rei do Gado, da TV Globo. E seu nome voltou à mídia ao participar do disco “O grande encontro”, resultado de um show que fez em parceria com Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. As críticas foram tão favoráveis e o público se mostrou tão receptivo que o grupo ganhou disco de platina duplo e voltou a se reunir em outros dois CDs, lançados em 1997 e 2000, embora sem Alceu.

Com o álbum Antologia acústica, de 1997, Zé comemorou 20 anos de carreira, fazendo uma releitura de suas canções mais conhecidas, o que lhe rendeu outro disco de platina duplo. No mesmo período, foi lançado o livro Zé Ramalho - um visionário do século XX, de Luciane Alves, e um songbook com 30 letras cifradas do compositor.

Parecia uma preparação para aquele que seria seu mais importante trabalho, o CD duplo “Nação nordestina”, de 2000, com o qual fez uma espécie de inventário da influência do Nordeste na MPB, contando com a participação de diversos artistas e citando a obra de tantos outros. O disco foi considerado um dos melhores exemplos da fusão da música nordestina com o mundo pop.

E assim Zé Ramalho vem construindo sua obra, inspirada tanto na literatura de cordel e nos ritmos nordestinos quanto no cinema, nas histórias em quadrinhos, nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e na mitologia, alinhavando tudo com seu jeito único de cantar, como se estivesse narrando, e com suas composições que remetem a imagens.
(Disponível em: http://ramalheando.blogspot.com/2008/02/biografia.html. Acesso em: 06.jul.2010)

ATIVIDADES

1- Leia a biografia de Zé Ramalho e responda o que se pede a seguir:

a. Qual a data de seu nascimento?
b. Em que cidade e estado ele nasceu?
c. A sua infância foi marcada por algum fato trágico?
d. Por quem ele foi criado?
e. Ele morou em João Pessoa e estudou em dois colégios. Quais foram esses colégios?
f. Antes de se determinar a ser cantor, iniciou um curso superior. Qual foi esse curso?
g. Qual a sua profissão?
h. No início de sua carreira como era conhecido?
i. Em que ano ele gravou seu primeiro disco (CD)? Que músicas de sua autoria constaram neste disco?
j. Que música de sua autoria fez parte da trilha sonora de uma novela da Rede Globo?
k. Em 2000, o que aconteceu de importante em sua vida artística?
l. Por que o CD “Nação nordestina” foi considerado um referencial para a música brasileira?
m. Cite três músicas de autoria do cantor.

2.Trabalhando letras de músicas.

Admirável Gado Novo

Vocês que fazem parte dessa massa
que passa nos projetos do futuro
é duro tanto ter que caminhar
e dar muito mais que receber.
E ter que demonstrar sua coragem
à margem do que possa parecer
e ver que toda essa engrenagem
já sente a ferrugem te comer.

| Eh!... ô... ô... vida de gado
| Povo marcado eh!... povo feliz!

Lá fora faz um tempo confortável
a vigilância cuida do normal
os automóveis ouvem a notícia
os homens a publicam no jornal
e correm através da madrugada
a única velhice que chegou
demoram-se na beira da estrada
e passam a contar o que sobrou.

|O povo foge da ignorância
apesar de viver tão perto dela
e sonham com melhores tempos idos
contemplam essa vida numa cela
esperam nova possibilidade
de verem esse mundo se acabar
a Arca de Noé, o dirigível
não voam nem se pode flutuar.
Não voam nem se pode flutuar...

1- A propósito do texto acima, faça o que se pede a seguir:

a. A letra da música “Admirável gado novo” faz uma comparação entre o gado e o homem. Por que, na sua opinião, o autor faz essa relação?
b. Na primeira estrofe ocorre referência sobre as dificuldades que um povo – massa – vive. Para o autor, o que é “duro para a massa”?
c. Com base na letra, de que o povo foge?
d. Na terceira estrofe há referência a sonhos. Com o quê o povo sonha?
e. De onde o povo contempla a vida, de acordo com o compositor?
f. Você concorda com o ponto de vista expresso pelo autor em sua música? Justifique sua resposta.

2- Explorando a gramática no texto.

a) No título da música apareceu dois adjetivos qualificando o substantivo “gado”. Indique se são uniformes ou biformes.

b) Da primeira estrofe, retire pronomes:

- de tratamento
- possessivos
- indefinidos
- pessoais do caso oblíquo

c) Em “Que passa nos projetos do futuro” ocorre uma locução adjetiva. Indique-a e cite o possível adjetivo que pode substituí-la.

d) Retire da segunda estrofe:

- um verbo de 1ª conjugação
- um verbo de 2ª conjugação
- um verbo de 3ª conjugação






Garoto de aluguel (Zé Ramalho)

Baby!
Dê-me seu dinheiro
Que eu quero viver
Dê-me seu relógio
Que eu quero saber
Quanto tempo falta
Para lhe esquecer
Quanto vale um homem
Para amar você...
Minha profissão
É suja e vulgar
Quero um pagamento
Para me deitar
E junto com você
Estrangular meu riso
Dê-me seu amor
Dele não preciso...
Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!
Oooooooooh!
Baby!
Nossa relação
Acaba-se assim
Como um caramelo
Que chegasse ao fim
Na boca vermelha
De uma dama louca
Pague meu dinheiro
E vista sua roupa...
Deixe a porta aberta
Quando for saindo
Você vai chorando
E eu fico sorrindo
Conte pr'as amigas
Que tudo foi mal
(Tudo foi mal!)
Nada me preocupa
De um marginal...
Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!
Oooooooooh!

Com relação à letra da música “Garoto de aluguel” foi solicitado que o aluno trouxesse reportagens sobre a questão da prostituição de um modo geral ou elaborasse um texto com notícias ouvidas através de rádio e televisão. Em sala de aula, organizou-se um círculo, procedendo-se o debate relacionando o tema abordado na música com a nossa realidade.
Foi produzida uma representação em forma de teatro a partir da letra da música.



Cidadão (Lúcio Barbosa)

Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...
Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...
Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
Hié! Hié! Hié! Hié!
Hié! Oh! Oh! Oh!


1- A letra da música “Cidadão” traz uma reflexão sobre uma escolha de mudança de vida de um homem em determinado momento de sua existência. Comente o que você entendeu sobre essa reflexão.

2- A que cidadão o texto faz referência?

3- Há como você identificar a classe social da qual faz parte o “cidadão”? E qual a profissão dele?

4- Ao refletir sobre sua vida, o cidadão sente que desejo?

5- Há visivelmente no texto um momento em que o personagem arrepende-se de ter saído de sua terra natal. Copie o trecho que justifica essa afirmativa.

6- Em quem o personagem encontra refúgio? Justifique sua resposta.


OUTRAS ATIVIDADES

ALUNOS DO 9º ANO (PROFESSORES VANILDA – PORTUGUÊS E HERALDO –MATEMÁTICA)

1- Assistiram ao documentário: Herdeiros de Avôhai.

2- Escreveram e apresentaram peças teatrais com base em letras de músicas de autoria do cantor Zé Ramalho ou em músicas cantadas por ele.

3 – Produziram HQs;

4- Criaram caricaturas do autor;

5- Assistiram shows do artista;


6- Ouviram músicas e parodiaram algumas letras.

ALUNOS DO 6º ANO (Professora: Vanilda Lopes – Português)

1- Leram a biografia do autor;
2- Assistiram ao documentário Herdeiro de Avôhai;
3- Ouviram e cantaram músicas, inclusive, utilizando-se de coreografias;
4- Assistiram show.

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